
Jornalista: Como é que tudo começou?
Batchart: Não sei se existe uma data específica. Mais ou menos aos quinze anos de idade, quando ainda adolescente no liceu juntamente com alguns colegas, tentamos criar um primeiro grupo que demos o nome de Hip Hop Art. Formado o grupo tentamos esboçar as primeiras letras, as primeiras músicas, ainda com um formato demasiadamente superficial, mas foi um projeto que foi amadurecendo com o tempo. Em 2005 gravamos o primeiro álbum do grupo que se chamou “Retrot Reppod” que marcou de alguma forma o cenário da música rap em Cabo Verde.
Jornalista: De onde surgiu o nome Batchart?
Batchart: No contexto de escola secundaria com influência de viver hip hop no seu todo fazíamos grafitis, e o meu nome de rua de infância é Batcha, e por causa do grupo eu usava o H de Batcha para escrever Hip Hop Art, ou seja, Batcha e Hip Hop Art. E as pessoas ao irem ler aquela tentativa de graffiti liam tudo junto, Bachart. Então o nome surgiu mais por sugestão de outras pessoas do que propriamente de minha vontade. Com o tempo acabei incorporando aquele nome que significa basicamente Batcha de Hip Hop Art, devido a essa tal influência inicial.
Jornalista: O teu estilo influencia e da uma nova forma de se interpretar o estilo hip hop, como é que conseguiste isso?
Batchart: Eu não considero que isto seja mérito pessoal, mas sim fruto de um trabalho que vem sendo feito por diferentes gerações. Na verdade meu trabalho é uma culminação de esforços e tentativas de vários outros grupos e MC´s. Eu considero que tudo isso não é mais que uma corrida de estafeta, cada um corre e depois entrega o testemunho a um outro. Neste momento penso que é a minha vez de correr.
Jornalista: Alguma vez já recebeste uma proposta para venderes a tua alma?
Batchart: Diariamente, considero vender a alma nada mais do que prostituir tuas ideias, ser instrumentalizado por um partido politico, fazer coisa que realmente que não são uma mais-valia para os teus princípios e para o preenchimento da tua agenda. Isso acontece constantemente porque o mundo da música é um mundo de assédio, e há propostas realmente tentadoras e tens de fazer os teus princípios valerem para não te prostituíres, nessa caso vender a alma.
Jornalista: Pareces um pai coruja. Como esta a ser essa experiencia de paternidade?
Batchart: Uma experiencia enriquecedora, porque consegues intender o humano que existe dentro de ti, a partir do momento que tens um filho nos braços. Eu acho que não só a criança/filho aprende com o pai mas também o contrario, e penso que nos primeiros momentosa da vida da criança o pai aprende muito mais com o filho do que o contrário.
Jornalista: Qual a tua opinião sobre a paternidade em Cabo Verde?
Batchart: É realmente um dado preocupante porque se repararmos nas estatísticas a maior parte das famílias Cabo-verdianas são chefiadas por mulheres. A pregunta é, onde é que estão os pais Cabo-verdianos!? E necessariamente há uma relação com a ausência da figura paterna com determinados males sociais que vivemos na cidade da Praia e em Cabo Verde no geral. Há que fazer um trabalho de consciencialização ou de assunção plena da paternidade responsável.
Jornalista: Em uma entrevista a um outro órgão disseste que gostaria de ser o Ministro da Juventude, ou que te contentarias com a pasta de diretor geral. Tens perfil para esse cargo?
Batchart: Não repara, de facto não disse que eu gostaria de ser o ministro da juventude, foi uma jogada sensacionalista do jornalista para fazer o jornal vender, e se tiver muita atenção ao artigo reparas que o jornalista diz, “nos diz a brincar que quer ser ministro da juventude”, e o que realmente eu ambiciono é o cargo de diretor geral da juventude.
Jornalista: A pouco tempo perdeste um grande amigo e grande companheiro da musica, o Devil Z. Como foi esse momento da tua vida?
Batchart: O Devil Z foi sem dúvida uma pessoa importante, mesmo na gravação do Wikileaks, porque foi ele que esteve na técnica na parte final e determinante da produção do CD. Ele cantou uma música, era uma pessoa que realmente me inspirava na forma de estar, mas principalmente por ele ser um jovem extremamente talentoso. A dor da perda agravasse ao perceber que ele deixou um sonho por terminar. Ele deixou um álbum quase pronto, e felizmente alguns amigos e familiares conseguiram terminar este trabalho e coloca-lo disponível ao público. Mas é realmente triste porque perdesse não so um amigo, mas uma grande voz.
Jornalista: Estiveste nomeado em quatro categorias do CVMA 2013, e vences-te apenas uma, qual o sentimento que tinhas em relação a estes prémios da música Cabo- Verdiana?
Batchart: Tens todo o direito de ter espectativa, os concorrentes eram fortes. E é claro que me agrada o premio de melhor musica rap, era o que eu sinceramente desejava mais por ser exatamente o que faço mas também pelo facto de estar a competir no meio de dois grandes nomes, o Boss AC que foi sem duvida uma referência inicial para o meu trabalho, e Expavi que inicialmente foi determinante na minha carreira e do grupo Hip Hop Art. Portanto “roubar” o prémio entre estes dois nomes é gratificante porque percebo que estou num bom caminho.
Jornalista: Porquê o nome WIKILEAKS para o teu CD?
Batchart: Bom eu utilizei este nome exatamente por ser um a instituição transnacional que através do seu site publica informações de caracter delicado. Ao conhecer o projeto wikileaks identifiquei – me com a causa que é fundamentalmente acreditar que o povo deve conhecer as informações do governo. Ao utilizar esse nome não fiz nada mais, nada menos do que uma apologia à liberdade de informação, ou seja, o que diz respeito ao povo deve ser público, porque diz respeito ao nosso dia a dia, basicamente foi isso.
Jornalista: Para quando o volume II da WIKILEAKS?
Batchart: Não sei, agora estou mais preocupado em trabalhar o marketing deste projeto da primeira temporada, vamos la ver se em 2014 teremos uma segunda temporada ou talvez um trabalho com um formato diferente.e.
Nenhum comentário:
Postar um comentário